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Writer's pictureAndrea Pereira

Saúde mental, demências e nutrição: o que sabemos?

Segundo o Estudo da Responsabilidade Global de Doenças de 2019, realizado em 195 países, Fatores associados a dieta são uma das principais causas de morte, com um peso maior que o tabagismo. Isso ocorre por diversos fatores, entre eles, a falta de conhecimento de profissionais da saúde sobre nutrição, aumento da obesidade como uma pandemia mundial e manutenção da desnutrição em alguns países.

Uma área emergente nos estudos científicos é a psiquiatria nutricional. Ela apresenta uma nova abordagem na prevenção e no tratamento de patologias neurodegenerativas e psiquiátricas. Uma vez que, alguns transtornos mentais se correlacionam a excesso de consumo de gordura e açúcar, e inadequado consumo de nutrientes na dieta do dia a dia.

Quando pensamos em quais alimentos podem ajudar a nossa saúde mental temos:

  • Os ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) (ácidos graxos ômega 3), niacina, folato, e vitaminas B6, B12 e D apresentam efeito benéfico na saúde mental, principalmente associados à redução do risco cardiovascular

  • O consumo adequado de ácidos graxos ômega 3, vitamina D, niacina e o uso da dieta mediterrânea são cardioprotetores, melhorando a saúde mental

  • A deficiência de folato e vitaminas B6 e B12 aumenta os níveis de homocisteína, aumentando o risco para quadros psiquiátricos

Vitamina D

A vitamina D é considerada um pré-hormônio, cuja função principal é a regulação da homeostase do cálcio e do metabolismo ósseo juntamente com o paratormônio.


Ela é obtida pela exposição solar, sendo a principal fonte de vitamina D nos seres humanos, mas também através da alimentação e suplementação. Apresentando 2 formas químicas diferentes: o D2 (ergocalciferol) vindo de fontes vegetais e o D3 (colecalciferol), sintetizada na pele através da ação dos raios ultravioletas, e presente nos óleos de alguns peixes como salmão, cavala e arenque.


A deficiência de vitamina D é mais comum nas pessoas de pele negra ou parda, porque a pigmentação dessa pele dificulta a conversão da vitamina D pelos raios solares; nas com obesidade devido o armazenamento dessa vitamina no tecido gorduroso, reduzindo a mesma no sangue; nas pessoas com mais de 60 anos, porque vão perdendo a capacidade de conversão dessa vitamina; e na ausência de exposição solar por algum motivo específico.


Quando falamos de saúde mental, a deficiência de vitamina D pode estar relacionada a depressão e gravidade dela, doença de Alzheimer, esquizofrenia e ansiedade.

Vitaminas do Complexo B

As vitaminas do complexo B estão associadas a memória e estímulos nervosos. Podem estar reduzidas em pessoas com obesidade, diabéticas, com cirurgias do sistema digestivo e em usuários crônicos de protetores gástricos. Quando temos deficiência de B12 associada a deficiência de folato, temos maiores riscos de aterosclerose, podendo estar associada a demências.


Embora a deficiência de folato seja incomum, ela pode estar associada a transtornos afetivos cognitivos, acidente vascular cerebral, condições psiquiátricas e doença de Alzheimer.


A deficiência de tiamina (vitamina B1) pode apresentar um quadro chamado de beribéri seco ou neurológico. Seus sintomas mimetizam quadros psiquiátricos e neurológicos, muitas vezes com convulsão, fraqueza muscular, dor em membros inferiores e superiores, e exacerbação dos reflexos tendíneos e musculares.


Um outro quadro que pode ocorrer é a Encefalopatia de Wernicke com dores e formigamentos pelo corpo, alteração visual e do equilíbrio, perda da memória recente, confusão e coma. Essa encefalopatia quando associada à psicose e à alucinação temos a síndrome de Wernicke-Korsakoff. Quando essa deficiência é grave pode levar a quadros semelhantes a demências, coma e morte.


Zinco

O zinco é um mineral abundante no organismo humano, correspondendo a 2 a 3 g do conteúdo de massa corporal. 90% do zinco corporal está armazenado no músculo e ossos. Como cofator em mais de 300 reações enzimáticas do nosso corpo ele é responsável pela síntese dos ácidos nucleicos, prevenção da formação de radicais livres e da manutenção do sistema imunológico.


A deficiência de zinco é mais comum em pessoas com câncer e obesidade, com problemas no fígado, com mais de 60 anos e diabéticos. Alguns estudos associam a deficiência de zinco com piora de quadros esquizofrênicos e depressão.


A alimentação saudável com frutas e hortaliças, proteínas, principalmente de origem animal, contém as vitaminas e nutrientes adequados para evitar deficiências nutricionais, porém as pessoas com mais de 60 anos, podem apresentar risco aumentado para elas. Por isso, converse com seu médico e faça seus exames de rotina todo ano. Essas deficiências podem simular ou agravar quadros de saúde mental, por isso o melhor é prevenir.



Andrea Pereira

Médica Nutróloga


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